sábado, 24 de abril de 2010

Foto de JURA


Andei um bocado pra chegar até o ideal
subi morro e encostas, varei cerca e trilhas 
escorreguei, caí.
Lugar danado de bonito, visão pra epifanias
"eu quero uma casa no campo"
"Há tempos eu fiz um ranchicho pra minha cabocla morar"


sexta-feira, 23 de abril de 2010

RESENHA

Diálogos que ainda bem que restam


Por Jurandir Rodrigues

Uma bela obra que traz em seus diálogos lirismo confessional, sempre revisando o passado: da infância que clama por um senso justiça: “O mundo ainda não estava preparado para um outro senso de justiça!”, que se lembra do cheiro do café da avó. Diálogos com o amor e com a própria poesia, como nos versos abaixo de Penso em você como uma poesia,



“Com o seu corpo de versos brancos

Separado em três estrofes

Suas rimas já foram emparelhadas a mim,

hoje são opostas

O ritmo cadenciado do seu coração

deixa o meu em grandes pausas”





Diálogos como em “Soneto ao meu amor” que dialoga com os mestres do gênero: Camões, Vinícius... Um diálogo com o inconformado Álvaro de Campos em “Sou Nada, como nos mostra os versos a seguir: “ Não sou/ Não quero ser/ Ou melhor, quero ser como o nada...” Uma revisão de Deus e do que as religiões fizeram dele. “Quem goza da liberdade do pensamento,/ está mais próximo e comunga Deus com os seus.”

Fabiano tem a consciência das palavras, tem o domínio da morada delas e do diálogo que elas são capazes de empreender com nossas almas. Tem em suas mãos ritmo e musicalidade casados. Diálogos que restam em sentimentos, sensações e sentidos: a voz da avó e o cheiro de seu café, e o principal: a voz do poeta, a visão sobre si mesmo e o outro e sobre Deus, o calor, o frio e o arrepio. Diálogos que nos tomam por inteiro, diálogos que nos prendem até o último verso. Fabiano nesses diálogos nos ensina a noção exata de ser poeta, de ler e de lidar com a poesia. Sua poesia nos prende por todas as sensações, sentimentos e sentidos.
A quarta parede: Poesia encenação


Por Jurandir Rodrigues



Paulo Franco, um poeta que põe a alma translúcida à mostra na frente do palco como nos versos iniciais do livro e do poema “A estátua”:



“A alma estendida no varal

a me conter de encantos.

Desalinhos no que sou

confundem o que sinto

num quintal de prantos.”

Poeta que brinca e sofre com o seus versos que nos remete a outro poeta brincador-sofredor-fingidor nas estrofes abaixo dos poemas “A pessoa” e “Infinito”, respectivamente:

“Do outro lado da minha janela

inúmeros donos de tabacaria

riem-se de mim

que não me sinto pessoa.”

“E nunca sei se escrevo

a parte que me cabe

do que sei de mim

e , às vezes, calo

pra fingir o que não sinto.”

Com claras e enigmáticas referências ao teatro, ou à vida como símbolo e metáfora de encenações e roteiros a serem seguidos, a atores perdidos nas coxias e textos. O título já nos remete a tudo isso e também os versos abaixo do poema “O Camarote”:

“A peça é parte arredia

do contexto de paixões intensas

que se quebram em instantes

desfazendo as emoções dos outros

para sempre.”

A mesma metáfora da vida que se confunde com o palco, roteiros previamente escritos que seguimos estão presentes nos versos abaixo do poema “O circo”.

“Do alto do meu espetáculo

observo na plateia

o que não quero ser

e represento pros que aplaudem

o teatro do que somos

nas coxias onde estamos,

mas mostrando um picadeiro

que não quero ver.”

A quarta parede, um livro de poemas que se confunde com uma peça de teatro em que os poemas são personagens que nos dizem, sem medo e amarras, quem somos e que nos espreita a alma maquiada para um grande espetáculo, ou nossa alma pálida fugindo dos palcos para esconder nas coxias fragilidades e temores.

em ar

desesperar jamais
esperar às vezes
errar sempre

quinta-feira, 22 de abril de 2010


O livro acima foi lançado no dia 27 de fevereiro.
Quem quiser adquiri-lo é só entrar em contato comigo pelo e-mail juranha@hotmail.com. 
Posto pelo correio autografado. O valor do ACONTECÊNCIA é R$ 25,00.  

terça-feira, 6 de abril de 2010

MAU TEMPO

não quero mais falar do tempo
nem de suas brincadeiras
nem do que fez e faz em mim
mas essa chuva fina e
insistente
esse frio
estridente
não me deixam esquecê-lo.